domingo, 6 de setembro de 2009

A HORA DA PACIÊNCIA

Estou de molho, na cama, com o meu recém-adquirido notebook no colo, digitando este post depois de alguns dias sem dar as caras por aqui. Há uma semana, mais exatamente na segunda 31/08, quebrei o pé. Foi de um jeito bobo, como costumam ser esses acidentes. Estava ensaiando a peça "Destinos", na antiga Escola das Meninas, uma casa abandonada, em ruínas, na Vila Maria Zélia. Pisei em falso, escorreguei, meu corpo todo foi para um lado e o pé ficou. Resultado: três fraturas. Ganhei de presente nove pinos e uma placa de aço, que fazem questão de serem sentidos a cada minuto. Nos primeiros dias, as dores eram atrozes. Agora diminuíram um pouco. Os meus amigos do Grupo XIX, com quem ensaio a peça, foram de um carinho e preocupação absurdos. Ficaram comigo no hospital, ligaram, mandaram e-mails. O Victor disse que eu levei muito a sério aquela história de "quebre uma perna", que se costuma dizer antes de entrar em cena. E o Fabião mandou uma mensagem que me emocionou. Um texto do Rilke, que diz que o tempo do artista é outro, que não pode ser visto como mera unidade de medida. Nas próximas semanas ou meses, a noção de tempo vai mudar para mim. Tudo agora é feito lentamente. Meu pé, por enquanto, não pode encostar no chão. Atos banais, como tomar banho ou escovar os dentes, merecem agora toda uma logística. Tenho muito trabalho pela frente e uma série de compromissos a cumprir. Vou cumpri-los, mas talvez de um jeito diferente do que estava previsto. As duas peças que estou ensaiando, "Destinos" e "Os Gigantes da Montanha", têm estreia marcada para novembro. Até lá espero estar totalmente recuperado, pisando direitinho. A palavra agora é uma só: "paciência".

9 comentários:

Fabio Takeo disse...

Paulão, vc ganhou mais um seguidor do seu blog. Pela amizade e pelo conteúdo. Peguei a música do Henryk Górecki, que vc citou. Que obra de arte. Me interessou pelo seu comentário que a música fez vc pensar no seu pai. Estou mergulhado nesse tema, por conta do meu outro trabalho. Grande abraço e melhoras!!
Fabio

Paulo Cunha disse...

Pra mim, é uma honra ter você por aqui, meu caro. Abração!

Mário Viana disse...

Porra, que chato, Paulo! Muita leitura e postagem e dvds bacanas... e um namorico sem precisar chegar à posição 127-X do Kama Sutra...

Paulo Cunha disse...

Ha, ha! Boa!

Majori Claro disse...

Nossa PC, quando você me respondeu o e-mail dizendo que estava com o pé quebrado, não imaginei que a coisa tivesse sido assim tão séria... Boa recuperação pra você, se precisar de alguma coisa é só falar. Você, que é tão ligado à cultura japonesa e que faz dela sua permanente fonte de inspiração, precisa, mais do que ninguém, cultivar a paciência. Aproveite o "molho obrigatório" para fazer coisas que requerem dedicação silenciosa, talvez haja uma sabedoria oculta nas coisas que nos acontecem.... Ah, também adorei o post: "A intangível beleza do som". Procurei na internet, ouvi, amei e já encomendei o CD. Vou buscar hoje na Cultura. Bom ter amigos inteligentes e sensíveis como você. Beijo!

Paulo Cunha disse...

Sorte minha ter uma amiga como você. Obrigado, querida. Beijão!

Luiz disse...

Ê, seu Paulo! Mas que coisa, hein? Melhoras, meu caro. Precisando de qualquer coisa, dá um alô. Aliás, manda seu endereço no meu email que estarei em Sampa no fim de semana e deixarei umas coisitas procê.
Abração!

Paulo Cunha disse...

Já mandei, meu velho. Mas não vem só de passagem, não. Para e faz uma visita, oras. Será um prazer, meu caro! Abração.

railer disse...

paulo, é preciso dar tempo ao tempo. mais uma vez, melhoras.