quarta-feira, 27 de maio de 2009

DOMINGOS DE OLIVEIRA

Eu não sei se é verdade que de saudade também se morre, mas é melhor morrer do que sentir saudade.

terça-feira, 26 de maio de 2009

THE LAST DAY OF OUR ACQUAINTANCE*

Terminaram por telefone. Um beijo frio de manhã cedo e a promessa de voltar a conversar à noite ou talvez no dia seguinte, o que nunca aconteceu. O beijo gelado selou a relação, restou como o último contato físico entre os dois. A tampa do caixão. O telefonema dela, naquela mesma noite, pegou ele de surpresa. Não conseguiu dizer o que pensava, o que queria. Não sabia o que querer, o que pensar. Não disse quase nada. Ela, o necessário. Continuaram vivendo na mesma cidade, mas os dias dela tornaram-se ensolarados, festivos; ele mergulhou num inverno cinzento sem perspectiva de primavera. Quando se conheceram, anos antes, ela não estava bem, convivia com uma dor que não sabia de onde vinha. Era uma menina frágil, carente de atenção, que sempre via uma imagem distorcida quando olhava para o espelho (ou para dentro de si). Ele achou que podia ajudá-la. Não sabia como, apenas ficou ao seu lado. Confortada, ela o encheu de amor. Pelo menos, parecia amor. Ele não sabia lidar com todo aquele amor, sentia-se sufocado. À noite, ela costumava abraçá-lo na cama, no que ele delicadamente (às vezes, nem tanto) se desvencilhava. Ele sentia-se responsável por retribuir aquele excesso de amor, tentava e não sabia se conseguia. Não sabia se o que tinha para dar era suficiente. Dava o que tinha, mas sentia-se sempre em débito. De repente, esse débito transformou-se em culpa. Ele travou. Não conseguia mais traduzir fisicamente o seu amor por ela. Talvez seu amor fosse diferente do dela. Continuaram juntos por mais um tempo, numa relação afetuosa, porém fria. Até o dia do tal telefonema. Depois disso, tudo mudou. Ela ficou alguns centímetros maior, ele alguns metros menor. Tudo ficou escuro. A visão turva. Tão turva a ponto de ele sugerir numa noite, os dois sentados numa mesa de bar, uma nova tentativa. Ela rechaçou e ele, pela primeira vez, notou nela um certo prazer quando mastigou as palavras que compunham a negativa. Dez minutos depois, ele já estava arrependido daquela conversa. Mas ele precisava dela. Ela o acostumou mal com aquele excesso de amor. E, então, quando ele ficou de luto, ela não estava mais lá, ao seu lado. Estava longe. E ele precisava dela como nunca precisou antes de alguém. E ela não estava lá. Para que dissesse a ele as mesmas palavras, para que desse a ele o mesmo conforto que ele deu a ela durante o luto dela. Mas ela não estava lá. Ele quase a odiou. Preferiu odiar o tempo, o acaso. A assimetria do destino. Um belo dia, ele decidiu: ela morreu. Ele a matou. E resolveu se matar também. Só que ele já estava morto e não sabia. Ela o havia matado. E foi preciso essa sequência de mortes para que eles pudessem, então, renascer.

* Para melhores resultados, leia ouvindo/vendo isso aqui: http://www.youtube.com/watch?v=Sy-Ynf5zvdI

SE EU TIVESSE CÃES

Quero ser o que meus cães pensam que eu sou.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

RECOMEÇO

Na foto, em sentido anti-horário: Andrea (de azul), eu, Fabrício, Pilar (escondida), uma menina que abandonou o curso e que eu não lembro o nome, Gustavo, Guga, Helena e Pri. Turma do Técnico Ator 2, idos de 2004.

Hoje acordei cedo e fui para o Senac da Lapa. É uma nova empreitada. Na verdade, não tão nova. Em 2004, eu decidi fazer um curso profissionalizante de teatro. Dentre os vários disponíveis no mercado, o do Senac foi o que melhor atendeu aos quesitos qualidade, preço e tempo de duração. Concluí dois dos três módulos, mas tive que interromper o curso no ano seguinte, por razões profissionais e por uma dúvida sobre que caminho trilhar na vida. Muita coisa aconteceu desde então. Para ser (muito) breve, e pular uma série de fatos que eu provavelmente voltarei a falar mais para frente, a verdade é que eu decidi terminar o curso. No fim do ano passado, resolvi que 2009 seria um ano integralmente dedicado ao teatro (interpretação e dramaturgia). Em janeiro, me inscrevi em duas oficinas e agora faço parte de dois grupos de pesquisa teatral pelos quais tenho muito apreço: Club Noir e Grupo XIX de Teatro. E acho que fazer um curso neste momento é aliar teoria à prática, ou seja, algo bem salutar. Como não quis entrar numa turma que já estivesse em andamento, resolvi fazer o curso todo novamente. Assim, pelos próximos dois anos, todas as manhãs de segunda, quarta e sexta serão dedicadas ao Técnico em Arte Dramática (novo nome do curso, segundo exigência do MEC). Hoje cedo, no caminho, bateu uma sensação estranha, a princípio incômoda, uma nostalgia daquela primeira turma, de 2004. Claro que ainda não deu para conhecer o novo grupo - hoje foi só o primeiro dia. Mas já percebo algumas diferenças: antes era à noite, agora é de manhã; o grupo atual é maior e, aparentemente, com mais experiência em teatro; e a maior delas: estou cinco anos mais velho.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

HOJE TEM


Com Maria Ferreira, no camarim do Club Noir. A Maria também está no elenco de "Carícias". Ela interpreta uma mãe desesperada para resgatar o amor de sua filha. Só que está prestes a ir para um asilo. Para sempre. Vale a pena assistir.

"CARÍCIAS", de Sergi Belbel. Direção: Roberto Alvim.

Quintas, às 21h. De 14/05 a 25/06. Grátis. Retirar convite 1h antes.
Club Noir - Rua Augusta, 331, Centro (altura da Rua Caio Prado).

sábado, 16 de maio de 2009

É HOJE!

Na verdade, é daqui a pouco.

"Sudatorium", de Paulo Cunha.
Com Allis Bezerra, Everson Romito e Fabio Takeo.
Direção: Paulo Cunha.
Sábado 16/05, às 15h, no Club Noir (Rua Augusta, 331, Centro).

GROUCHO MARX

Eu bebo para fazer as outras pessoas interessantes.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

É AMANHÃ!

"Sudatorium", de Paulo Cunha.
Com Allis Bezerra, Everson Romito e Fabio Takeo.
Direção: Paulo Cunha.
Sábado 16/05, às 15h, no Club Noir (Rua Augusta, 331, Centro).

TEM QUE SUAR

Minha linda e talentosa amiga Lili Ferrari publicou um post muito generoso em seu blog sobre minha peça, "Sudatorium", que será lida amanhã, às 15h, no Club Noir. Ela deu o título "Tem que suar" - que eu roubei para este post aqui, de tão bom que achei. Tá aqui, ó: http://lilianeferrari.com/2009/05/15/tem-que-suar/. Vale a pena dar uma espiada no blog dela. Tem de tudo um pouco. A Lili é uma daquelas pessoas hiperativas, que fazem um monte de coisas - e, no caso dela, faz tudo com muita competência. Ela produz eventos, dá aulas de arte, mantém dois blogs muito concorridos e - talvez a mais linda das atividades - é a mãe atenta e amorosa da Luisa. Ela escreveu um post de Dia das Mães que eu achei muito bonito. Tá aqui: http://lilianeferrari.com/2009/05/10/mae-chorona/. A Lili é uma mãe moderna. Eu acho legal mães modernas.

O SEGUNDO DIA

Ontem foi a segunda apresentação de "Carícias" (todas as quintas, às 21h, no Club Noir, até 25/06). Há um mito no teatro sobre o segundo dia: dizem que é o mais perigoso. Isso porque, passada a tensão da estreia, é comum que o elenco afrouxe um pouco o cinto e a peça perca o ritmo. Não acho que isso aconteceu. Até porque, como a gente se apresenta só uma vez por semana, toda quinta parece uma nova estreia. Resumindo, o espetáculo de ontem foi melhor que o primeiro. As pessoas que assistiram aos dois disseram isso. E nós, do elenco, também sentimos a mesma coisa. Portanto, continuamos felizes. É sempre bom continuar feliz. Dado ao incontestável fato de que estar feliz é algo passageiro, continuar feliz é uma vitória. Agora, uma coisa aconteceu na minha cena, mais especificamente comigo. Acho que a cena, como um todo, foi muito boa. A Fernanda, minha parceira, estava ótima. E isso me fez bem também. Só que, a uma certa altura, digamos no último terço da cena, rolou um branco. Pouca gente notou, só quem conhece bem o texto. Alguns me perguntaram se foi uma nova intenção dada ao personagem, parte da construção. Que nada. Foi branco mesmo. De alguns segundos apenas, que na minha cabeça pareceram um dia inteiro. Respirei fundo, me concentrei, veio o texto e a cena seguiu até o fim, palavra por palavra, intenção por intenção. Daí até o final, algo se operou em mim. Era o momento em que meu personagem, um velho pai diante de uma filha que o despreza, atinge um alto grau de emoção. Fui buscar elementos na minha memória emotiva. Veio um turbilhão de coisas na cabeça. Lembrei do meu pai, morto no ano passado, de outras perdas igualmente importantes, da minha família, dos meus amigos e por aí vai. Tudo desordenado, tudo em uma fração de segundo. Deu um nó na minha garganta e minhas últimas falas saíram com a voz embargada. Meu semblante era verdadeiramente triste, e meus olhos estavam marejados. Qual a explicação para isso, o branco, toda a emoção seguinte, não dá para saber. Eu tenho uma suspeita. Minha mãe estava na platéia.

terça-feira, 12 de maio de 2009

A HORA DA SAUNA


Neste sábado, 16/05, acontece a leitura dramática da minha segunda peça, "Sudatorium". Será às 15h, no Club Noir (onde as coisas rolam). A história se passa numa sauna. Três amigos de muito tempo estão lá relaxando, suando em bicas e jogando conversa fora. Papo vem, papo vai, e a temperatura começa a subir. Em todos os sentidos. Antigas rusgas reaparecem em meio ao calor. Pequenas frustrações emergem do suadouro. Quarentões, percebem que chegaram à metade de suas vidas ("resta agora a metade pior", como costuma dizer um amigo meu). E, de uma hora para outra, querem passar tudo isso a limpo. No meio de uma sauna. Para a leitura convidei três ótimos atores, que leram lindamente no ensaio de ontem à tarde. São eles: Allis Bezerra, Everson Romito e Fabio Takeo. Os dois primeiros são meus colegas de elenco no "Carícias". O Fabio é meu companheiro de Grupo XIX (teremos boas surpresas em outubro). Eles serão, respectivamente, Cláudio, Beto e Aldo, os personagens da minha peça. Os três homens que estão suando e tirando suas máscaras em "Sudatorium". Desde já, agradeço a eles por dar vida ao meu texto.

"Sudatorium", de Paulo Cunha.
Com Allis Bezerra, Everson Romito e Fabio Takeo.
Direção: Paulo Cunha.
Sábado 16/05, às 15h, no Club Noir (Rua Augusta, 331, Centro).

GOETHE

Em relação a todos os atos de iniciativa e de criação existe uma verdade fundamental cujo desconhecimento mata inúmeras idéias e planos esplêndidos: a de que no momento em que nos comprometemos a Providência move-se também. Toda uma corrente de acontecimentos brota da decisão, fazendo surgir a nosso favor toda a sorte de incidentes e encontros e assistência material que nenhum homem sonharia que viesse em sua direção. O que quer que você possa fazer, ou sonha que possa fazer, faça. Coragem contém genialidade, poder e magia. Comece agora.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

OS ONZE BATUTAS


A foto foi tirada na quinta passada (07/05), logo após nossa estreia de "Carícias". Pela cara de alegria dos onze, correu tudo bem. O teatro lotou - tivemos que colocar 20 cadeiras a mais. É bastante, considerando que a lotação é de 50 lugares. Nesta quinta tem mais. A temporada vai até 25/06. Esperamos ter que colocar muitas cadeiras a mais.

EM CARTAZ


Numa estação de trem vazia, um jovem casal discute sobre odores suspeitos. E sobre desgraça e separação. Numa praça igualmente vazia, mãe e filha perguntam-se por que não deram certo. Um asilo seria a opção? Próximos dali, uma velha e um mendigo conversam sobre as migalhas de suas vidas. Sardinhas, frango frito, uma doença, um passado em comum? Na cozinha de casa, papai faz uma salada para a filha que vem visitá-lo. Melhor nem ter vindo. E por aí vai. Relações humanas incompletas, destroçadas, que nunca foram e nunca serão: eis a matéria prima de "Carícias", do dramaturgo espanhol Sergi Belbel. O texto é espetacular. A direção é do Roberto Alvim. Quem conhece os trabalhos anteriores dele ("Anátema", "Homem Sem Rumo", "O Quarto") certamente não perderá essa. O cara é antenado. Sua linguagem é minimalista e ao mesmo tempo repleta de signos. Algo entre David Lynch e a novíssima vanguarda do teatro novaiorquino. O elenco, dizem, dá conta do recado. A peça entra em cartaz a partir desta quinta (14/05), no Club Noir, e fica até o fim de junho. Sempre às quintas. Sempre às 21h. Como é de graça, costuma lotar. E o teatro é pequeno, tem 50 lugares. Então, é melhor chegar cedo - 1h antes é recomendável. Já falei aqui sobre a peça, em posts passados. Não há muito mais o que falar. O negócio agora é assistir. O flyer bacana (foto e arte do Gê Viana) tá aí em cima. O serviço tá aqui embaixo:

"CARÍCIAS", de Sergi Belbel. Direção: Roberto Alvim.
Quintas, às 21h. De 14/05 a 25/06. Grátis. Retirar convite 1h antes.
Club Noir - Rua Augusta, 331, Centro (altura da Rua Caio Prado).

domingo, 3 de maio de 2009

UMA LINDA MANHÃ DE DOMINGO

Este domingo começou com um ensaio extra de "Carícias", às 10h. Já era uma linda manhã, ensolarada, que ficou ainda melhor. Nas ruas do centro, lá no Baixo Augusta, onde fica o teatro, pessoas iam e voltavam da Virada Cultural. Com cara de sono, algumas nitidamente esgotadas, mas felizes. Fizemos um "passadão" geral da peça, e testamos luz e trilha sonora. E sentimos, nós onze do elenco, que a peça subiu mais um degrau. As vinhetas entre as cenas deram uma intensidade ainda maior à peça, e a música de encerramento (que eu não vou contar para não estragar a surpresa) é absolutamente perfeita. Não preciso dizer que estou bem contente com tudo isso. Todos nós ficamos contentes. Mas à tarde tem a final do Paulistão e o desfecho, ao que parece, não será de todo agradável. Nem tudo é perfeito.

sábado, 2 de maio de 2009

MISSÃO CUMPRIDA

Terminei "Sudatorium". É minha segunda peça. "Sakurá", a primeira, foi escrita em 2004, sob orientação do Samir Yazbek. Recebeu uma leitura dramática no Teatro do Centro da Terra, no mesmo ano. A Helena estava no elenco. Ela fazia a Clara, a personagem feminina da peça. Ainda guardo boas lembranças daqueles tempos. Mas agora está tudo meio distante. Apenas cinco anos se passaram, mas parece bem mais. Sakurá é o florescer das cerejeiras, fenômeno que marca a entrada da primavera no Japão. Eu morei um ano e meio no Japão. Vivi um sakurá particular, quando meu inverno cinzento se transformou de um dia para o outro numa linda primavera cor-de-rosa. Mas isso é outra história. No momento, quero falar de uma sauna. Um lugar apertado, sufocante e insuportavelmente quente. É nesse ambiente que três amigos discutem suas vidas - ou o que sobrou delas. São amigos há 25 anos, mas às vezes parece que não se conhecem. Comecei a revisar a peça às duas da madrugada. Achei que resolveria tudo em duas ou três horas de trabalho. No meio da revisão, percebi que havia partes que precisavam ser reescritas. Idéias surgiram durante a (re)escritura. Boas idéias. Soluções que estavam pendentes finalmente apareceram. Trabalhei até às 9 da manhã. Vou passar o sábado insone. Como um zumbi. Não tem problema. "Sudatorium" está pronta e é o que interessa. Logo mais vou apresentá-la ao Roberto Alvim, que junto com o nosso grupo de dramaturgia do Club Noir (que ele dirige), fará suas sempre pertinentes observações. Dia 16 ela receberá uma leitura, no palco do Club Noir. Como falei num post recente, ainda estou procurando os três atores que farão os personagens Aldo, Beto e Cláudio. Espero que esta peça, assim como "Sakurá", tenha uma boa carreira. Pretendo montar pelo menos uma delas ainda neste ano. Inscrevê-la em festivais, concursos, etc. Tentar apresentá-las no Satyrianas. E por aí vai. A rubrica de abertura de "Sudatorium" está logo abaixo. Estou feliz.

Uma pequena sauna seca. Paredes de madeira escura, chão e teto também de madeira. Pouca iluminação, em tom amarelado. Há três bancadas, em forma de andares. Em uma das paredes, um relógio. Em outra, perto da porta, um termômetro marca 60 graus. No chão, num canto, pedras queimando, encharcadas por uma essência de eucalipto. Um forte odor da planta toma conta do ambiente. Três homens conversam animadamente. São amigos há muito tempo. Aldo e Beto estão nus, sentados sobre uma pequena toalha branca. Cláudio está de sunga, com a toalha amarrada na cabeça. A cena começa com Aldo e Beto discutindo em tom amistoso, meio de gozação, típico de quem tem intimidade. Cláudio não participa, parece estar distraído, em outro mundo.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

LEONARD COHEN'S POETRY

SUZANNE
(Do álbum "Songs of Leonard Cohen")

Suzanne takes you down to her place near the river
You can hear the boats go by
You can spend the night beside her
And you know that she's half crazy
But that's why you want to be there
And she feeds you tea and oranges
That come all the way from China
And just when you mean to tell her
That you have no love to give her
Then she gets you on her wavelength
And she lets the river answer
That you've always been her lover
And you want to travel with her
And you want to travel blind
And you know that she will trust you
For you've touched her perfect body with your mind.

And Jesus was a sailor
When he walked upon the water
And he spent a long time watching
From his lonely wooden tower
And when he knew for certain
Only drowning men could see him
He said "All men will be sailors then
Until the sea shall free them"
But he himself was broken
Long before the sky would open
Forsaken, almost human
He sank beneath your wisdom like a stone
And you want to travel with him
And you want to travel blind
And you think maybe you'll trust him
For he's touched your perfect body with his mind.

Now Suzanne takes your hand
And she leads you to the river
She is wearing rags and feathers
From Salvation Army counters
And the sun pours down like honey
On our lady of the harbour
And she shows you where to look
Among the garbage and the flowers
There are heroes in the seaweed
There are children in the morning
They are leaning out for love
And they will lean that way forever
While Suzanne holds the mirror
And you want to travel with her
And you want to travel blind
And you know that you can trust her
For she's touched your perfect body with her mind.