sábado, 2 de maio de 2009

MISSÃO CUMPRIDA

Terminei "Sudatorium". É minha segunda peça. "Sakurá", a primeira, foi escrita em 2004, sob orientação do Samir Yazbek. Recebeu uma leitura dramática no Teatro do Centro da Terra, no mesmo ano. A Helena estava no elenco. Ela fazia a Clara, a personagem feminina da peça. Ainda guardo boas lembranças daqueles tempos. Mas agora está tudo meio distante. Apenas cinco anos se passaram, mas parece bem mais. Sakurá é o florescer das cerejeiras, fenômeno que marca a entrada da primavera no Japão. Eu morei um ano e meio no Japão. Vivi um sakurá particular, quando meu inverno cinzento se transformou de um dia para o outro numa linda primavera cor-de-rosa. Mas isso é outra história. No momento, quero falar de uma sauna. Um lugar apertado, sufocante e insuportavelmente quente. É nesse ambiente que três amigos discutem suas vidas - ou o que sobrou delas. São amigos há 25 anos, mas às vezes parece que não se conhecem. Comecei a revisar a peça às duas da madrugada. Achei que resolveria tudo em duas ou três horas de trabalho. No meio da revisão, percebi que havia partes que precisavam ser reescritas. Idéias surgiram durante a (re)escritura. Boas idéias. Soluções que estavam pendentes finalmente apareceram. Trabalhei até às 9 da manhã. Vou passar o sábado insone. Como um zumbi. Não tem problema. "Sudatorium" está pronta e é o que interessa. Logo mais vou apresentá-la ao Roberto Alvim, que junto com o nosso grupo de dramaturgia do Club Noir (que ele dirige), fará suas sempre pertinentes observações. Dia 16 ela receberá uma leitura, no palco do Club Noir. Como falei num post recente, ainda estou procurando os três atores que farão os personagens Aldo, Beto e Cláudio. Espero que esta peça, assim como "Sakurá", tenha uma boa carreira. Pretendo montar pelo menos uma delas ainda neste ano. Inscrevê-la em festivais, concursos, etc. Tentar apresentá-las no Satyrianas. E por aí vai. A rubrica de abertura de "Sudatorium" está logo abaixo. Estou feliz.

Uma pequena sauna seca. Paredes de madeira escura, chão e teto também de madeira. Pouca iluminação, em tom amarelado. Há três bancadas, em forma de andares. Em uma das paredes, um relógio. Em outra, perto da porta, um termômetro marca 60 graus. No chão, num canto, pedras queimando, encharcadas por uma essência de eucalipto. Um forte odor da planta toma conta do ambiente. Três homens conversam animadamente. São amigos há muito tempo. Aldo e Beto estão nus, sentados sobre uma pequena toalha branca. Cláudio está de sunga, com a toalha amarrada na cabeça. A cena começa com Aldo e Beto discutindo em tom amistoso, meio de gozação, típico de quem tem intimidade. Cláudio não participa, parece estar distraído, em outro mundo.

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