domingo, 4 de outubro de 2009

FUCK YOU, YOKO ONO

A tarde de hoje foi inteiramente dedicada a uma matéria que eu precisava terminar. Quando é assim, dependendo do que tenho que escrever ou editar, gosto de trabalhar ouvindo música. Deu vontade de ouvir John Lennon, fase pós-Beatles. Adotei o estilo do meu amigo Mário, de Floripa, que costuma ouvir seus discos em ordem cronológica de lançamento. No caso dele, parece que é TOC (Transtorno Obsessivo-Compulsivo), já que ele só consegue apreciar desse jeito as centenas de CDs de sua bela discografia de rock nacional. No meu, acho que não, foi frescura mesmo. Ao contrário do Paul McCartney, a carreira-solo do John é curta, por conta de sua morte prematura, aos 40 anos. Tirando as inúmeras coletâneas, os discos ao vivo e os três trabalhos experimentais, absolutamente xaropes, chatérrimos, que ele fez ainda durante os tempos de Beatles, sua discografia de estúdio é assim: "Plastic Ono Band" (1970), "Imagine" (1971), "Some Time in New York City" (1972), "Mind Games" (1973), "Walls and Bridges" (1974), "Rock’n’Roll" (1975), "Double Fantasy" (1980) e "Milk and Honey", lançado postumamente, em 1984. Foi ouvindo os discos assim, em sequência, que pude perceber duas coisas: apesar de curta, é uma carreira brilhante, com duas obras-primas, os dois primeiros, e mais um punhado de grandes canções, espalhadas por todos os outros álbuns. Não há como resistir ao encanto de "Mother", "Working Class Hero", "Love", "God" (para mim, a grande canção de John Lennon, a maior de todas), "Imagine", "Crippled Inside", "Jealous Guy", "Gimme Some Truth", "How?". Tudo isso aí é só dos dois primeiros. E, dos outros, tem ainda: "John Sinclair", "Mind Games", "Whatever Gets You Thru The Night", "#9 Dream", "Nobody Loves You (When You're Down And Out)", "Stand By Me", "(Just Like) Starting Over","Beautiful Boy", "Watching The Wheels", "Woman", "I'm Stepping Out", "Nobody Told Me" e "Borrowed Time".
A outra coisa que notei é que, a partir de 1972, os discos deixaram de ser espetaculares. Continuam tendo bons, ótimos momentos, mas no todo são irregulares. A razão disso tem nome: Yoko Ono. Devo dizer que este nome é impronunciável para muitos beatlemaníacos. O mestre Beto Iannicelli nunca fala o nome dela. Diz que faz mal à saúde. Não sei, mas posso garantir que ouvir a voz de Yoko, o seu "canto", isso sim, faz muito mal à saúde. A acidez no estômago começa já nas suas primeiras intervenções e chega ao ápice quando ela grita, berra, se esgoela, naquela idiotice que os anos 70 conheceram como "grito primal" (primal scream). Yoko consegue destruir pelo menos 1/3 da carreira-solo do John. As canções interpretadas por ela, ou cuja autoria é creditada a ela (pessoalmente, eu duvido que ela tenha composto qualquer coisa; o John compunha e dava para ela cagar em cima), dividem-se em três grupos: ruins, muito ruins ou medonhas. Simplesmente não consigo ouvir a voz dessa mulher. No DVD "Gimme Some Truth", espécie de bastidores das gravações do "Imagine", John está no estúdio com um monte de craques, incluindo George Harrison, e a Yoko lá, metendo o bedelho, falando merda. Dá vontade de vomitar. Considero Yoko Ono, artisticamente, nula, um nada, uma fraude construída sobre a imagem do marido. E o mundo inteiro engoliu. Dia desses, conversando com o meu amigo e bandmate André Santana, ele me lembrou que no livro "Lembranças de Lennon", uma longa entrevista que o John deu para a revista Rolling Stone, a Yoko não parava de dar pitacos - sem noção, como sempre -na conversa dele com o jornalista. Até que, numa certa hora, John não resistiu e mandou um sonoro "fuck you, Yoko". Acho que naquele momento ele falou por muitos de seus admiradores. Por mim, com certeza.

5 comentários:

Paulo Sales disse...

E olha que alguns anos atrás a Bravo! (hoje um arremedo do que já foi) publicou uma matéria defendendo que atualmente Yoko Ono é mais importante do que Lennon. Polêmica vazia, mais uma vez.
abs

Paulo Cunha disse...

Piada. Por isso que, desde há muito tempo, não leio essa revista. Abraço, meu caro.

André L. Santana. disse...

E agora, a BRAVO! lança mais uma edição especial dos Beatles; talvez como pedido de desculpas por essa cagada anterior.

É impressionante o que neguinho consegue ser capaz de dizer, no simples intuito de querer reconhecer ou descobrir níveis musicais mais importantes - como as bandas "alternativas", "indies", ou qualquer outra que seja de conhecimento de poucos.

O importante pra caras como esses deve ser curtir o que poucos conhecem, assim suas identidades e capacidade de identificar talentos torna-se maior; em consequência, o ego aumenta em descobrir que leitores sem opinião própria começam à acreditar nessas merdas.

Eu estou de saco cheio de alternativecos! Galera de 40 anos de idade sonhando que Sonic Youth é a melhor banda do planeta, que cuspiram na cara do Belle & Sebastian quando "fizeram sucesso", que detestam Oasis por causa de opiniões dos autores e não por suas canções, que esqueceram o Nirvana porque tem medo de admitirem que estavam totalmente sem rumo na época, que se vangloriam em saber que o John faz a guitarra solo em "Get Back" só pra acabar com o Harrisson E QUE ACHAM A YOKO FEZ ALGUMA COISA QUE PRESTA!!!

FUCK YOU, YOKO ONO!!!

Paulo Cunha disse...

Falou tudo, meu caro. Nada a acrescentar.

Edson Moreira disse...

Sou Beatlemaniaco... e Lennon meu favorito entre os "fab four", mas isso náo me torna miope ao ponto de náo enxergar quem era o John e quem era a Yoko qdo se conheceram. Lennon era um pop star popular, um grande produto que aumentava o PIB ingles e Yoko uma dos expoentes do Fluxos. Através dela ele conheceu Duchamp, interagiu com Beauys (foi lapidado).Gosto mais dele mas ela é mais artista.Ela teve sua carreira artistica prejudicada por se relacionar com ele. Paz a todos.